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Suposto plano para fechar 15 delegacias de SP preocupa policiais

por Editoria Delegados

alguns distritos policiais passariam a atender as ocorrências dos locais que ficarão sem delegacias

Uma foto com um suposto plano para fechar 15 distritos policiais na capital de São Paulo circula nesta semana nas redes sociais e vem preocupando entidades de classe ligadas a policiais civis e delegados no estado (veja foto acima). De acordo com o documento, haveria uma fusão de unidades, com o fechamento total de prédios, e alguns distritos policiais passariam a atender as ocorrências dos locais que ficarão sem delegacias.

Imagem sobre projeto de fusão de delegacias circula em grupos de policiais, gerando insegurança;
sindicatos dizem que foram excluídos do debate e chefe da Polícia nega que irá fechar prédios.

O sindicato e a associação de delegados informaram ao G1 que a possível extinção de delegacias prejudicará a população, que ficará desassistida nas regiões onde as unidades policiais fecharem as portas.

O plano poderia ter relação com a pandemia de Covid-19 já que houve redução do número de pessoas em deslocamento nas ruas devido ao isolamento social e a prática do home office, com mais pessoas em casa durante o dia, o que poderia reduzir a necessidade de atendimento presencial em delegacias da capital.

Pelo suposto projeto que está sendo divulgado em grupos de mensagens de policiais nas redes sociais, 15 distritos policiais na capital paulista, entre eles alguns bem localizados, seriam fechados. Sem explicar os motivos do fechamento das delegacias e nem quando ocorrerá, a foto informa que outros distritos policiais vão passar a atender as regiões onde essas unidades deixariam de existir.

O delegado-geral de Polícia Civil, Ruy Ferraz Fontes, porém, nega a existência de um projeto concluído sobre as mudanças. Segundo ele, “há estudos não concluídos para readequar a instituição”, mas que, diz, não preveem o fechamento de delegacias.

“Existem diversos estudos sobre readequação de unidades policiais. Nenhuma delas concluídas”, afirmou Ruy Ferraz Fontes. “Em nenhum dos estudos existem previsões de fechamentos dos prédios da Polícia Civil”.
Pelo suposto plano, seriam fechadas as seguintes delegacias:

  • Zona Leste- 97 DP (Americanópolis); 81 DP (Belém); 18 DP (Alto da Mooca); 29 DP (Vila Diva); 59 DP (Jardim Noêmia)
  • Zona Norte- 93 DP (Jaguaré); 87 DP (Pirituba); 45 DP (Brasilândia); 40 DP (Limão)
  • Zona Sul- 80 DP (Vila Joaniza); 43 DP (Cidade Ademar); 102 DP (Socorro); 103 DP (Cohab II/Itaquera); 66 DP (Aricanduva); 55 DP (Parque São Rafael)

Os sindicatos de delegados do estado se disseram surpresos e preocupados com as supostas mudanças repentinas e irão procurar a Secretaria de Segurança para tentar obter mais informações e confirmar a veracidade do plano.

“A gente está tentando entender o que está acontecendo. A gente não sabe quando que vai sair, se vai sair e se vão retroceder”, disse a delegada Raquel Kobashi Gallinati Lombardi, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp).

“Agora, nesta semana, começou a circular esse documento e policiais ficam inseguros porque há menção a delegacias onde alguns deles trabalham e que serão fechadas. Não faz sentido fechar delegacias por incompetência da gestão e falta de contratação de policiais e deixar a população desfavorecida”, afirma a delegada Raquel.

De acordo com a presidente do Sindpesp, os estudos sobre possíveis mudanças na Polícia Civil não contam com a participação de representantes da categoria, o que, para ela, gera preocupação e insegurança interna entre os agentes, levando a divulgação de informações desencontradas.

“Nós, policiais civis, não temos conhecimento efetivo a cerca desses projetos. A administração tem guardado projetos a sete chaves”, falou a delegada.

Presidente de outra entidade de classe em São Paulo Gustavo Mesquita Galvão Bueno, à frente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Adpesp), concorda que há falta de transparência na elaboração de planos para a Polícia Civil, como o referente à restruturação.

“É ruim que esses projetos não sejam feitos com as entidades de classe, com transparência”, disse ele.

De acordo com Mesquita, apesar da foto com a tabela das delegacias que serão fechadas ainda ser “extraoficial”, “causa preocupação”.

“Não temos certificação da fonte de informação. Mas, se essas mudanças ocorrerem, elas vão impactar a rotina de trabalho dos policiais e interesses da população”, defende Mesquita.

Rafael Alcadipani, professor de gestão pública da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, considera a suposta proposta de fechamento de delegacias positiva.

“Está na hora da Polícia Civil concentrar esforços. Fazer cada vez mais atendimentos online e não deixar a população de São Paulo desguarnecida. Juntar esforços. Eu, pessoalmente, acho positivo”.

SSP e delegado-geral dizem que projeto não está concluído

O delegado-geral de SP, porém, afirma ao G1 que a foto com as supostas delegacias que serão fechadas e terão os prédios devolvidos “provavelmente é fake” e que não poderia “esclarecer algo que ainda está em estudo”.

A Secretaria de Estado de Segurança Pública defende que os estudos sobre reestruturação da Polícia Civil ainda não estão concluídos.

“A Secretaria da Segurança Pública ressalta que atualmente não há nenhum estudo concluído sobre a criação ou reestruturação de unidades policiais na capital paulista. Neste momento, 50 unidades de polícia estão em reforma no Estado, em um investimento superior a R$ 90 milhões, entre recursos próprios e da iniciativa privada, que pela primeira vez colabora com esse processo”, disse a pasta em nota.

A última grande alteração na estrutura da Polícia Civil foi em 2019, quando o governador, João Doria (PSDB), por meio de decreto, dissolveu o Grupo de Operações Especiais (GOE), conhecido por atuar em operações de risco, combate ao tráfico de drogas e apoio a ocorrências de assaltos, sequestros, dentre outras, e criou um novo departamento para operações especiais, o Departamento de Operações Policiais Estratégicas (DOPE).

Com a extinção do GOE, os agentes foram transferidos para o Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra), uma unidade até então subordinada ao Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado (Deic).

G1

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