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SP: arma falha, policial é morto e sindicato aponta sucateamento

por Editoria Delegados

Entidade aponta morte pode ter sido provocada por descaso. SSP afirma que investe continuamente na modernização de armas

Vista da casa na Rua Nova Amazonas, na região da Granja Viana, em Cotia

Um policial civil foi morto em uma troca de tiros depois que sua arma falhou ao enfrentar um suspeito de feminicídio na Grande São Paulo na última segunda-feira (19). O projétil disparado pelo agente não foi ejetado. Diante do episódio, o Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo) afirmou que a morte pode ter sido provocada por descaso da administração pública.

Em nota, a entidade afirmou que “há anos denuncia o sucateamento da Polícia Civil de São Paulo e cobra, reiteradamente, a aquisição de novos equipamentos, incluindo armamento, para a instituição”‘. O sindicato disse ainda que são constantes os casos de viaturas que quebram em meio a operações de buscas, além de alagamentos em distritos policiais e falhas de armamentos.

“Lamentavelmente, desta vez o descaso da administração com a Polícia Civil pode ter resultado na morte de um policial”, diz o Sindpesp. “Em setembro do ano passado, chegou-se ao limite da administração ofertar revólveres usados, modelo de mais de 30 anos, aos novos policiais saídos da Academia da Polícia Civil, situação que foi amplamente denunciada pelo Sindpesp.”

Ao R7, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) afirmou por meio de nota que “investe continuamente na modernização de armas e equipamentos para as forças de segurança paulista, a fim de garantir aos policiais melhores condições no combate à criminalidade e ampliar a percepção de segurança da população de São Paulo”.

Segundo a SSP, a atual gestão entregou mais de 4.500 armas para a Polícia Civil, entre pistolas semiautomáticas calibre .40, da empresa austríaca Glock, e carabinas calibre 5,6,mm. Também está sendo preparada a aquisição de outras 10 mil pistolas 9mm por meio de pregão internacional.

O órgão afirma ainda que todas as circunstâncias do caso são investigadas pelo inquérito policial instaurado pelo 2º DP de Cotia. As armas envolvidas na ação foram apreendidas e estão sendo periciadas – o laudo será analisado pela autoridade policial tão logo for concluído.

O caso

O policial civil Alessandro Roberto de Medeiros, de 42 anos, e outros dois colegas foram acionados para investigar uma denúncia de desaparecimento de uma mulher. Segundo familiares, ela não dava notícias há três dias e o seu carro estava estacionado na frente da casa do namorado. O motivo do crime ainda é desconhecido.

A equipe foi ao imóvel, localizado na rua Nova Amazonas, em um condomínio de alto padrão na região da Granja Viana, em Cotia. Os policiais tentaram contato com o morador, mas não houve resposta.

Eles então entraram pela lateral da casa e viram que Ricardo Trindade, de 44 anos, estava armado. Também avistaram um corpo, com sangue, em um cômodo próximo à edícula da casa, que estava com a janela aberta. O corpo era de Patrícia Cristina de Lima Farfan Olivares, de 41 anos, morta por Ricardo com três tiros nas costas.

Neste momento, Alessandro acionou o resgate.

Ricardo estava trancado em um quarto e não obedeceu a ordem dos policiais para se entregar. Além disso, tentou fugir pulando um muro e disparou contra a equipe.

Na parte de trás do terreno, houve um confronto armado. Além de Ricardo, os dois policiais foram atingidos. Ricardo e Alessandro morreram no local. O policial civil Vagner de Lima, de 45 anos, foi atingido por oito tiros e socorrido ao pronto socorro do Hospital Regional de Cotia. Ele está internado e não corre risco de morrer. Um terceiro policial civil, José Geraldo Pereira dos Santos, de 52 anos, também participou da ação, mas não ficou ferido.

No imóvel, os policiais apreenderam uma carabina calibre .22, uma pistola 9mm, um carregador e porções de maconha. Aos policiais, os vizinhos relataram que o casal tinha uma relação conturbada e que já aconteceram outros episódios de violência.

Ricardo tinha um antecedente criminal por violência doméstica. O crime aconteceu em 2005 e ele foi condenado em 2010.

O policial civil que ficou ferido será ouvido para esclarecer mais detalhes do crime. O caso foi registrado na Delegacia de Cotia como feminicídio, morte decorrente de intervenção policial e violência doméstica.

 

R7

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