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Diretor-geral da PF troca chefe no Amazonas que enviou ao STF notícia-crime contra Ricardo Salles

por Editoria Delegados

O delegado Leandro Almada vai substituir Alexandre Saraiva, que foi o pivô da primeira crise envolvendo a PF, o ex-ministro Sérgio Moro e o presidente Jair Bolsonaro


O diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino, decidiu fazer mais uma troca na chefia das unidades regionais da corporação e escolheu o delegado Leandro Almada para substituir Alexandre Saraiva no comando no Amazonas.

A decisão sobre a troca ocorreu nesta quarta, 14, mesmo dia em que Saraiva enviou ao Supremo Tribunal Federal notícia-crime contra o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles por obstrução de investigação ambiental, advocacia administrativa e organização criminosa. A justificativa é a de que o delegado já havia sido sondado sobre a mudança.

Na peça enviada ao STF, Saraiva acusa Salles e o senador Telmário Mota de atuarem em favor de investigados da Operação Handroanthus GLO, que mirou extração ilegal de madeira na Amazônia no final do ano passado.

Segundo Saraiva, além de dificultar a ação de fiscalização ambiental, Salles ‘patrocina diretamente interesses privados (de madeireiros investigados) e ilegítimos no âmbito da Administração Pública’ e integra, ‘na qualidade de braço forte do Estado, organização criminosa orquestrada por madeireiros alvos da Operação Handroanthus com o objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza’.

O ministro foi questionado sobre o assunto, mas não se manifestou a respeito. Em entrevista ao Estadão, Salles havia questionado a operação chefiava por Saraiva que resultou uma apreensão de madeira recorde.

Não há definição sobre o novo cargo que Saraiva irá assumir, mas o atual chefe da PF no Amazonas teria sido sondado para ir para uma missão no exterior.

Ao Estadão, o delegado afirmou que recebeu a ligação de um ‘amigo’ sobre uma adidância, não ele ‘não disse nem quando nem onde’. Saraiva diz que ‘não fui comunicado antes’: “Só tem duas formas de me comunicar oficialmente – ou meu chefe me liga, pelo principio da hierarquia, que é o diretor-geral, ou publicação no Diário Oficial”.

O sucessor de Saraiva, Almada, já atuou como número 2 do atual chefe da PF no Amazonas e já foi responsável pelo grupo de investigações ambientais sensíveis na superintendência.

Saraiva está há quatro anos na chefia da PF da Amazonas e já houve ensaios para sua saída da superintendência. O delegado foi o pivô da primeira crise entre o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro e o presidente Jair Bolsonaro, em 2019.

Na ocasião, após Bolsonaro antecipar a saída do delegado Ricardo Saadi da superintendência da PF no Rio e a corporação indicar que o chefe da unidade fluminense seria Carlos Oliveira para a vaga, Bolsonaro afirmou que ‘ficou sabendo’ que Saraiva, próximo dos filhos do presidente, iria assumir o posto na superintendência.

O delegado chegou a prestar depoimento sobre o caso no âmbito do inquérito aberto para investigar suposta tentativa de interferência política do presidente na PF.

Desde que assumiu a direção-geral da corporação, Maiurino já definiu os integrantes da cúpula da corporação durante a sua gestão e ainda decidiu fazer mudanças nas superintendências de São Paulo, Santa Catarina e Bahia.

Também haverá troca na superintendência em Roraima, que passara a ser comandada por José Roberto Peres, que atualmente ocupa o cargo de coordenador-geral de Defesa Institucional da corporação.

Para os próximos dias, são esperadas ainda a definição de nomes para superintendências que ficaram vagas após a saída de delegados para cargos na cúpula da PF e do Ministério da Justiça, como é o caso das unidades em Minas Gerais e em Brasília.

COM A PALAVRA, A DELEGADA TÂNIA PRADO, PRESIDENTE DA FENADEPOL E DO SINDPF SP

“Os delegados estão preocupados. As mudanças na Polícia Federal reafirmam a necessidade da autonomia do órgão e de mandato para o Diretor-Geral. Hoje somente o corregedor-geral da PF tem mandato de 3 anos, previsto em decreto. As Propostas de Emenda à Constituição n. 412/2009 e 101/2015 precisam tramitar, respectivamente, na CCJ da Câmara e no Senado. Do contrário, a PF continuará sujeita a pressões externas de todo tipo, o tempo todo.”

 

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