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Delegado de São Paulo tem o mesmo salário de um escrivão do Amazonas

por Editoria Delegados

Diferença de SP para MT chega a R$ 15 mil; escrivães e investigadores também ganham pouco


Estado mais rico do país e o segundo com a maior renda per capita, São Paulo paga um dos menores salários do Brasil para seus delegados de polícia, na comparação com outras unidades federativas, mostra levantamento da categoria.

Pesquisa do Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia de SP) mostra que um delegado da Polícia Civil em início de carreira ganha R$ 9.888,37, à frente apenas de Pernambuco, que paga R$ 9.069,81, e atrás de todos os outros estados do país. O maior salário é em Mato Grosso, que paga R$ 24.451,11, segundo o levantamento.

São Paulo aparece também na lanterna dos rankings de salários de escrivães (responsáveis pela burocracia nas delegacias) e investigadores da polícia, de acordo com as informações do sindicato.

Os dados foram levantados em todos os estados da federação, com informações de portais da transparência, secretarias de segurança e diários oficiais.

Na campanha ao governo do estado, o governador João Doria (PSDB) prometeu aumentar o salário dos policiais, mas ainda não cumpriu a promessa.

Para a presidente do sindicato, Raquel Kobashi Gallinati, o fato de estados mais pobres pagarem salários maiores que São Paulo mostra que “valorizar a carreira policial não é uma decisão econômica, mas política”.

No último mês, o Sindpesp entregou ao governo Doria um relatório sobre as condições de trabalho dos agentes. Segundo o relatório, entre 2013 e 2018, o salário dos agentes subiu 11,2%, enquanto a inflação chegou a 36% no período.

O relatório denuncia também sobrecarga e acúmulo de funções, problemas em infraestruturas de delegacias e armamentos e viaturas sucateadas.

“Não temos condições para fazer o trabalho que a população de São Paulo merece, que é um trabalho de excelência. O governo coloca como principal vítima a sociedade, dando margem para os bandidos atuarem”, afirma Gallinati.

Desde 2017, o Sindpesp levanta a defasagem de profissionais da Polícia Civil de São Paulo, ferramenta que batizou de “defasômetro”. Há, segundo o levantamento do sindicato, 14.510 cargos vagos na corporação, um terço do total de cargos na Polícia Civil.

Só em setembro, houve 304 baixas, entre aposentadorias, mortes e exonerações. Houve ainda pelo menos 731 pedidos de aposentadoria protocolados, segundo o sindicato.

Há hoje 27.402 cargos ocupados, 2.542 deles são delegados.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública de SP disse que “a atual gestão pagou os bônus de 2018 que estavam em atraso –ao todo foram pagos R$ 232,4 milhões a 143.521 policiais—, e montou um grupo de trabalho para discutir a recomposição salarial dos agentes de segurança pública. Este trabalho deverá ser concluído até o fim deste mês, quando os resultados serão apresentados”.

O governo diz que “trabalha para reforçar o policiamento em todo o estado e valorizar as carreiras policiais”.

“A atual gestão autorizou a contratação de mais de 20 mil novos policiais. Só para a Polícia Civil são 5.500 novas vagas, sendo que para 2.750 os concursos já estão em andamento. Destes, 1.100 foram convocados para a análise de documentos e realização de exames e o restante será convocado futuramente. O governo do estado já autorizou a abertura de um novo certame para a contratação de mais 2.750 policiais civis, a partir do próximo ano. O objetivo é realizar concursos anuais para todas as polícias.”

Doria lançou no último mês uma campanha publicitária voltada para a segurança pública. A campanha custou R$ 12,7 milhões e foi feita pela agência Lew’Lara, uma das três que cuidam da conta de R$ 150 milhões anuais do governo.

O filme para a televisão fala diretamente ao eleitorado conservador, mas busca se diferenciar da brutalidade associada ao discurso do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e do governador Wilson Witzel (PSC-RJ), prováveis nomes na disputa pelo Planalto em 2022.

 

Folha

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