Início » Boato no WhatsApp resulta em linchamento! Polícia busca autores

Boato no WhatsApp resulta em linchamento! Polícia busca autores

por Editoria Delegados

RJ: Áudios, vídeos e fotos espalhados na internet são usados na investigação

Áudios e fotos do carro branco foram compartilhados nas redes sociais e ocupantes eram acusados de sequestrar crianças
(Foto: Reprodução/WhatsApp)

A Polícia Civil busca os responsáveis por iniciar o boato no WhatsApp que levou à tentativa de linchamento de um homem e de uma mulher nesta quarta-feira (5) em Araruama, na Região dos Lagos do Rio. Segundo Luiz Henrique Marques, titular da 118ª Delegacia, áudios, fotos e vídeos serão usados para tentar identificar quem começou a espalhar a informação falsa.

O caso aconteceu depois que boatos de que uma criança teria sido sequestrada circularam no aplicativo de mensagens. As vítimas foram hostilizadas e agredidas dentro de um carro por uma multidão, que cercou o veículo. O homem e a mulher só foram retirados após a intervenção da Guarda Civil. Uma mulher ainda ateou fogo no veículo vazio. Ela foi presa em flagrante por dano qualificado, segundo a Polícia Civil. O motorista, Luiz Aurélio de Paula, que sofreu ferimentos no rosto, disse que pensou que fosse morrer.

O delegado cogita a possibilidade de acionamento da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática. Segundo Luiz Henrique Marques, os vídeos que mostram a tentativa de linchamento serão usados para tentar identificar quem começou a agressão física. De acordo com a Polícia Militar, cerca de 200 pessoas participaram do ato no bairro Mutirão; a agressão durou 40 minutos, e o homem e a mulher tiveram escoriações no rosto.

 

Fotos de um carro branco com as vítimas dentro, além de áudios, entre eles de um homem se dizendo pai da criança, fizeram com que as vítimas fossem rendidas, dentro do carro, sob acusações de um grupo de moradores. O casal só não foi linchado por causa da intervenção da Guarda Municipal e da Polícia Militar.

 

O motorista, Luiz Aurélio de Paula, disse que assim que o grupo invadiu o carro, negou que tivesse praticado o ato e levou as pessoas até uma paradaria para tentar provar que estava trabalhando com a venda de produtos no local. Mesmo assim, as agressões começaram e o número de envolvidos cresceu.

De acordo com o parágrafo 1 do artigo 154 da Lei 12.737/12 do Código Penal, que dispõe sobre crimes virtuais, “quem produz, oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de computador com o intuito de permitir a prática da conduta definida” pode ser condenado a pena de até dois anos de prisão e multa.

 

 
Vendedor vítima de boato teve ferimentos no rosto (Foto: Reprodução/Inter TV)

Vítimas foram impedidas de sair do carro

O vídeo feito de um celular mostra uma multidão aglomerada em volta do veículo no bairro Mutirão. Os moradores quebraram o carro, tentaram virá-lo. Uma pessoa, que foi detida, ateou fogo no veículo, que já estava desocupado.

“Um monte de homem me abordaram, eu pensei que fosse um assalto. Aí eu tentei justificar pra eles que eu estava vendendo iogurte, queijo e linguiça aqui em Araruama. Não me deram atenção […] Me empurraram pra dentro do carro, eu não deixei eles dirigirem o carro, eles mandaram entrar pra uma rua e eu entrei, falei ‘vamo lá na padaria que vocês vão ver que eu tô trabalhando’. O pessoal da padaria me identificou e disse que trabalhava comigo”.

 

Uma pessoa que ateou fogo no carro em meio a confusão, em Araruama, foi detida (Foto: Reprodução/Inter TV)

Luiz conta que ainda tentou defender a mulher que estava no carro, mas não teve como reagir.

 

“Me empurraram pra fora da padaria me agredindo, pegaram a pessoa que tava dentro do carro e bateram nela. Eu tentei defender a pessoa, eles montaram em cima de mim… jogaram uma pedra em mim. Aí eu tentei me defender de todas as formas. Quando e vi que soltaram a pessoa que tava no carro, eu corri pra dentro da padaria pedindo socorro. Aí o pessoal da padaria ligou pra polícia pedindo socorro”, disse.

Agentes da Guarda Municipal chegaram e conseguiram tirar o casal da confusão. A viatura da guarda também teve o vidro quebrado e um policial ficou ferido. Um dos guardas contou como aconteceu.

“A gente partiu pra lá e conseguiu isolar, defendeu o senhor até porque era só suspeita, não tinha nenhuma acusação. O ânimo lá tava de ódio. Tava querendo pegar o casal para fazer um linchamento. Provavelmente ia acontecer um homicídio lá, eles iam matar o casal. Era um clima muito de ódio”, explica Alex Silvestre, subcomandante da Guarda Municipal em Araruama.

A vítima, emocionada, falou sobre a atitude tomada pela população após o boato.

 

“Tinha umas mil pessoas do lado de fora falando que iam me matar por causa desse WhatsApp, que tá incriminando as pessoas e matando as pessoas sem ter culpa. Eu tô morto de vergonha da minha esposa, da minha família, por estar passando uma situação dessa. Tentaram matar um homem trabalhador. O pessoal queria me linchar a troco de quê? Eu não fiz nada de errado. Eu simplesmente tô trabalhando… trabalhando honestamente, e ser abordado por homens desconhecidos e ser detonado na sociedade, nas redes sociais a troco de quê? Eu pensei que ia morrer porque tinha muita gente invadindo, querendo invadir a padaria”, desabafou.

 

Veja o vídeo!

G1

 

DELEGADOS.com.br
Revista da Defesa Social & Portal Nacional dos Delegados

 

 

 

 

 

 

 

 

 

você pode gostar