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10 mil policiais de São Paulo se unem contra reajuste pífio de 5%

por Editoria Delegados

SP: Adpesp

A ADPESP esteve presente na manifestação pacífica que reuniu cerca de 10 mil profissionais das forças de segurança pública, entre Policiais Civis de todas as carreiras, policiais militares e agentes da segurança penitenciária. O ato foi contra o pífio reajuste de 5% anunciado na última semana pelo governador João Doria.

A ação foi conjunta entre diferentes entidades de classe, que lutam por uma justa valorização salarial. “Esse ato é apenas o primeiro, o movimento vai aumentar, pois não se pode aceitar um aumento que sequer alcança a inflação”, declarou Gustavo Mesquita Galvão Bueno, presidente da ADPESP.

Mesquita destacou que o governador não dialogou com as entidades representativas, gerou uma grande expectativa ao prometer o melhor salário do país, mas frustrou a todos com um aumento irrisório: “Não aceitaremos sermos usados como propaganda, como instrumento de marketing, de um governo que não faz nada pelos policiais”.

Os policiais civis se concentraram em frente à Delegacia Geral de Polícia e seguiram em direção à Secretaria de Segurança Pública (SSP). No caminho, policiais militares e agentes de segurança penitenciária se juntaram ao grupo.

A manifestação pacífica foi realizada na tarde desta segunda-feira, 04.

ADPESP repudia declarações do deputado estadual Roque Barbiere

A ADPESP vem a público externar seu repúdio às declarações feitas pelo deputado estadual Roque Barbiere (PTB) em tribuna, no dia 01/11/2019, na Alesp.

Em sua manifestação, o parlamentar considerou inadequada a indignação dos policiais paulistas diante do pífio “reajuste” de 5% pois, segundo ele, “Polícia é vocação, não é bom salário. Quem quer bom salário tem que trabalhar na NASA”.

De início, causa-nos espécie o tom jocoso e desrespeitoso com o qual o parlamentar se refere a uma questão séria, triste e preocupante que é a penúria salarial dos policiais paulistas, que há anos não têm sequer a recomposição inflacionária respeitada em data-base.

Inclusive, os baixos salários, aliados à falta de infraestrutura e aos riscos inerentes à profissão, certamente influenciam o epidêmico índice de suicídio que atinge a categoria no estado – dado amplamente noticiado pela imprensa nos últimos meses.

No mérito, o parlamentar acerta quando afirma que “Polícia é vocação”. Aliás, é tão somente devido a tal vocação, presente na grande maioria dos policiais paulistas, que o estado de São Paulo segue ostentando bons indicadores de segurança em relação ao restante do país, mesmo diante de todo o descaso de nossos governantes com a categoria nas últimas décadas.

Todavia, a necessidade de vocação – pressuposto inerente não só aos policiais, mas a todas as classes profissionais, mormente a política – está longe de implicar o voto de miserabilidade e risco de morte constante, como se o policial, ao aceitar ingressar na carreira, tacitamente aceitasse sobreviver suportando privações básicas de dignidade e bem-estar. Assumir tal premissa, como faz o parlamentar, é desprezar a condição humana do policial, e uma atitude condenável e, vale ressaltar, cruel.

Em outro trecho de sua manifestação, o deputado Barbiere afirma que “homem que gosta de ir ao supermercado ou é dono de restaurante ou vagabundo”. Ao expressar tal pensamento, preconceituoso e machista, acaba por revelar muito de seu caráter e personalidade.

Inevitável observar que o deputado Barbiere parece conferir grande valor à vocação e ao altruísmo social, mas se esquece de contestar os polpudos vencimentos e nababescos privilégios que recebe e usufrui – atitude que escancara hipocrisia.

De nossa parte, reiteramos que, a despeito de declarações descabidas como essa, seguiremos lutando por condições remuneratórias dignas para todos os policiais. Longe de pleitear os salários vultosos como o recebido pelo parlamentar, exigimos apenas vencimentos compatíveis com a atividade daqueles que arriscam diuturnamente sua vida e sua saúde em prol da população paulista.

Edu Guimarães/ADPESP

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